terça-feira, 18 de maio de 2010

Morreu Frank Frazetta, o mestre da ilustração fantástica


Frank Frazetta, um dos grandes mestres da ilustração fantástica, morreu aos 82 anos, em Fort Myers (Boca Grande), na Flórida, nos Estados Unidos, vítima de um derrame cerebral, na segunda-feira, 10 de maio. No domingo, dia das mães, Frazetta havia passado o dia com sua família. Durante a noite, sentiu-se mal e foi levado para o hospital, mas não sobreviveu ao derrame.

O estilo de Frazetta influenciou mais de cinco gerações de artistas e escritores, nas mídias mais diversas. O desenhista fez HQs, capas de livros, revistas, LPs de música, cartazes de cinema e participou da produção de desenhos animados.

Nascido em 1928, no Brooklyn, Nova York, Frazetta começou a desenhar cedo e, aos oito anos, por insistência de seus professores, foi matriculado numa escola de artes local.

Foi na Brooklyn Academy of Fine Arts, que Frazetta conheceu Michele Falanga, artista de renome, que foi seu tutor por oito anos.

Com a morte inesperada de Falanga em 1944, Frazetta, na época com 16 anos, saiu em busca de trabalho. Sua carreira começou nas tiras de jornais e nas revistas em quadrinhos.

Seus primeiros trabalhos foram assinados com o pseudônimo Fritz. Trabalhou, junto com seus amigos Roy Krenkel e Al Williamson, para editoras como EC Comics, National Comics e Avon.

Em 1952, Frazetta escreveu e desenhou as aventuras de Thun'da (um derivado do Tarzan), da Magazine Enterprises, a única série de quadrinhos com uma edição inteira escrita e desenhada pelo artista.

Frazetta ilustrou capas para revistas como Straight Arrow, Blazing Combat, Creepy, Eerie e Vampirella.

Foram suas capas com Buck Rogers, para a célebre revista Famous Funnies (em sua fase final), que chamaram a atenção de Al Capp, o criador de Ferdinando (Li'l Abner). Na época, além de desenhar as tiras de Ferdinando, Frazetta fazia Johnny Comet, série de sua autoria, e ajudava Dan Barry na tira Flash Gordon.

Em 1956, Frazetta se casou com Eleanor Kelly, mais conhecida como Ellie Frazetta, com quem teve quatro filhos: Frank Jr., Billy, Holly e Heidi.

Frazetta trabalhou com Al Capp na tira Ferdinando durante nove anos. Em 1961, voltou às revistas em quadrinhos. Esse período posterior ao Comic Code e à censura foi uma época difícil para os artistas. O estilo havia se tornado antiquado para os padrões em vigor nas HQs estadunidenses.

Quem o resgatou foi Harvey Kurtzman, que chamou Frazetta para desenhar Aninha, Bonita e Gostosa (Little Annie Fanny) nas paginas da revista Playboy.

Em 1964, Frazetta migrou dos quadrinhos para o cinema. Curiosamente, foi uma propaganda para a revista MAD, com uma ilustração de Ringo Starr, que chamou a atenção dos executivos da Universal.

Seu primeiro cartaz foi para o filme O que é que Há Gatinha? (What's New Pussycat?), da United Artists. Frazetta realizou a ilustração em uma tarde e recebeu o equivalente ao seu salário anual pelo trabalho.

Depois disso, Frazetta ilustrou outros 12 cartazes, entre eles: Um Convidado Bem Trapalhão (The Party), Ouro É o Que Vale (Waterhole #3), Os Seus, os meus e os Nossos (Yours, Mine and Ours), Quando o striptease Começou The Night They Raided Minsky's, Hotel Paradiso e O Fino da Vigarice (After the Fox).

Alguns desses cartazes foram realizados em parceria com Jack Davis, um de seus colegas da E.C. Comics.

Foi nesse período que Frazetta começou a ilustrar as capas de livros de fantasia e aventura. Em 1966, sua capa para o livro Conan the Adventurer, de Robert E. Howard e L. Sprague de Camp (publicado pela Lancer), causou furor e catapultou o ilustrador para um novo patamar em sua carreira.

A pintura criada para capa do romance Conan The Conqueror, de 1967, foi vendida em novembro de 2009, por 1 milhão de dólares.

A demanda pelas pinturas de Frazetta cresceu muito por volta de 1966. Além de Conan, Frazetta ilustrou dezenas de capas para livros de fantasia e ficção científica para personagens diversos, como John Carter of Mars, Carson of Venus, Gulliver of Mars, Tarzan, Brak Mak Morn, Jongor, Flashman, entre muitos outros.

São poucos os personagens de fantasia e ficção que não foram retratados por Frazetta. Drácula, Frankenstein, Lobisomen, personagens do romance O Senhor dos Anéis, como Gollum, Frodo, o Rei bruxo de Angmar (o líder dos Nazgul), King Kong; Battlestar Galactica.



Outra área na qual Frazetta atuou foi a da música. O artista ilustrou mais de uma dúzia de capas de álbuns de bandas como Nazareth (usando a pintura The Brain), Molly Hatchet (com as pinturas The Death Dealer e Dark Kingdom), Ingwie Malmsteen e, mais recentemente, Dust (a pintura usada foi Snow Giants) e Wolfmother (usando a pintura The Sea Witch, para o álbum de estreia e várias outras nos seguintes).

Frazetta também fez cartazes para os filmes Rota Suicida (The Gauntlet); Orca, a baleia assassina (Orca); e até Um Drink no Inferno (From Dusk Till Dawn), este último em 1996.

Por volta de 1981, Frazetta foi chamada para trabalhar num desenho animado de longa-metragem, Fire and Ice, dirigido por Ralph Baixe e mantendo o controle criativo do projeto. Fire and Ice estreou nos cinemas em 1983 e foi lançado em DVD (nos Estados Unidos) em 2005.

Em 2003, a carreira de Frazetta foi transformada em filme no documentário Frazetta: Paintings With Fire.


Entre 2007 e 2008, a Image Comics lançou uma série de revistas inspiradas em famosas pinturas de Frazetta, como Swamp Damon, Death Dealer e Dark Kingdom.

Mas, nos últimos anos, a vida de Frazetta foi atormentada por problemas legais, como o processo contra J. David Spurlock e a Vanguard Productions; a morte de sua esposa Ellie Frazetta, em 17 de julho de 2009, depois de um ano de luta contra um câncer; e a prisão de seu filho por tentativa de roubo do Museu Frazetta, uma confusão complexa envolvendo uma rixa entre irmãos pelo futuro espólio do artista.

A confusão entre os filhos de Frazetta, envolvendo o futuro espólio, foi aparentemente resolvida há alguns meses.

Nos últimos anos de sua vida, Frazetta vinha sofrendo com diversos problemas de saúde, incluindo um problema de tiróide (que ficou durante anos sem tratamento) e uma série de pequenos derrames que limitaram muito o seu uso do braço direito. Em função disso, o autor passou a pintar e desenhar com a mão esquerda.

Frazetta deixa um legado incomparável, que continuará a influenciar o estilo de desenho e pintura e a imaginação de novas gerações de artistas.

O Museu Frazetta (Frazetta Art Motion) fica numa propriedade de Frazetta, 27 hectares, em East Stroudsburg, nas montanhas Poconos, na Pensilvânia, nos Estados Unidos.

Fonte: Universo HQ http://www.universohq.com.br/























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